Minha mãe já estava falando
que algo parecia errado nesse dia. Eu fico arrepiada e odeio quando ela diz que
está sentindo um aperto no peito. A última vez que ela citou isso, um parente
nosso sofreu um acidente de carro e ficou três semanas no hospital.
- Mãe, pode parar! A gente
só vai almoçar no shopping, passear um pouco e voltaremos logo para casa.
Chilax! – Meu irmão se revoltou.
Saímos de casa ignorando as
previsões que minha mãe poderia ter e nada aconteceu. Ainda brincamos com a
minha mãe sobre ela estar errada.
Fomos almoçar e demos uma
volta no shopping quando, de repente, rumores de que assaltantes estavam ali
chegaram a nós. Meu pai nos olhou assustado e disse:
- Vamos embora, agora!
Nós não fomos os únicos a
ter essa ideia. Felizmente não precisávamos pagar o cartão no caixa do
estacionamento, então só nos dirigimos rapidamente ao carro e já estávamos na
fila da catraca quando policiais entraram, andando, por elas, revistando todos
os carros.
Meu pai cumprimentou o guarda
que veio até nós e estávamos liberados. Respiramos aliviados e sairíamos em
alguns segundos quando vimos um grupo, uma meia dúzia de pessoas, vindo em
direção ao carro.
Os policiais já não estavam
mais em visão e dois caras abordaram o carro, tirando minha mãe do banco do
passageiro.
- Vocês vão sair e bater o
carro! – um deles comandou.
- É melhor fazer o que meu
parceiro disse ou então mataremos esta mulher. Batam o carro na esquina. Vão!
Meu pai obedeceu. Não era
fácil bater o carro ali, aonde postes eram escassos. Meu pai ficou sem escolha,
achando que os bandidos ainda nos observavam, tentou uma derrapada e foi com
tudo em um muro, airbags explodindo
em nós.
- DUCK! – Foi a única palavra que soou no carro antes de colidirmos.
Eu a falei, puxando a cabeça do meu irmão para baixo.
O carro ficou bastante
danificado, entretanto nenhum de nós estava com dores ou sagrando. Fui a
primeira a sair do veículo, abrindo a porta do motorista e puxando o meu pai.
Fui amparar meu irmão em seguida.
- Sai, Will! Vamos, nós
temos que achar a mamãe!
- Você enlouqueceu? – Meu
pai me segurou pelos ombros.
- Não, não enlouqueci. Nós
vamos voltar ao shopping, achar os guardas e resgatar a mamãe. – Olhei bem nos
olhos do meu pai e completei: - Se vocês não quiserem ir, vou sozinha.
- Não seja maluca! – Meu
irmão começou, porém logo foi cortado por meu pai.
- Vamos logo. Stella já
tomou sua decisão e não vou deixa-la ir sozinha, Will. Vamos!
Havia, pelos menos, uma
dúzia de policiais ali na porta de entrada a pé do shopping. Eles estavam
bloqueando a entrada, falando para todos que havia bandidos lá dentro.
- Moço, eu sei, mas minha
mãe está lá com eles! Eles a sequestraram! Vocês fizeram um péssimo serviço ao
entrarem pela saída de carros, sabia? Foi assim que pegaram a minha mãe!
- Senhorita, fique calma. –
O policial que eu falava olhou bem para mim, esperando.
- Filha, calma. Queira
desculpá-la, mas acabamos de presenciar o sequestro da minha esposa e fomos
mandados bater o carro caso quiséssemos vê-la viva de novo, ou seja, sofremos
um impacto físico e estamos um pouco nervosos no momento.
- Como assim? Bateram o
carro…
- Então, como eu disse… -
fui interrompida por meu pai.
- Eu falo, Stella. Vocês
checaram meu carro e, quando pensamos que voltaríamos para casa, os bandidos
entraram no estacionamento como vocês. Vieram direto para o meu carro. Não
vimos se abordaram outros carros, pois nos mandaram sair imediatamente e bater
o carro. Acho que era para criar uma distração para atrai vocês, que acabou nem
funcionando.
Um dos policiais que checara
o nosso carro chegou ali para reportar algo e logo nos viu. Veio em nossa
direção, uma interrogação expressiva.
- O que fazem aqui?
Não fiquei para ouvir. Saí
correndo para a única porta manual de entrada. Já era tarde demais para me
impedirem, então um único policial entrou correndo atrás de mim, não para me
parar, mas para me escoltar, me ajudar, o que me surpreendeu. Ele retirou seu
uniforme, pegando emprestado uma calça da primeira loja que passamos – e
escondeu ali suas vestes de policial.
- Não vou poder colocar meu
colete, então espero que você saiba o que está fazendo. O risco que estamos
correndo.
- Você tem ideia de que eu
vi minha mãe ser arrancada do carro, né? Não, lógico que não sei bem o que vou
fazer, mas tenho que acha-la! Treinamento policial quem tem é você, não eu!
- Desconfiei que essa seria
sua resposta.
Olhei para ele, me
perguntando seu nome e se ele tinha alguma sugestão do que poderíamos fazer. Eu
precisava de alguma resposta.
- Meu nome é Matheus Carto.
Já estou pensando nisso. Não tenho certeza. Você é Stella, certo?
- Isso.
- Bom, nós podemos bolar um
plano juntos.
Pensei que o shopping
estaria sem movimento, entretanto as pessoas ainda tentavam se esconder e
entrar em lojas, cujos lojistas fechavam o mais rápido possível.
Caminhei apressada, olhando
por todos os lados, procurando alguma pista. Nada deles. Aonde estavam? Será
que haviam entrado em alguma loja?
Não era muito difícil ou
absurdo imaginar a primeira loja que iriam assaltar. A de joias. Tinha que ser.
Por isso não pensei duas vezes antes de sair correndo para o piso intermediário
atrás da única joalheria do shopping, a Vivara, e não foi fácil ver a cena dali
dentro.
Minha mãe não era a única na
mira dos bandidos. Havia mais umas dez pessoas entre funcionários e clientes
que ficaram presos ali dentro, todos ajoelhados e com as faces para o chão
enquanto um dos bandidos pegava os objetos da disposição na parte interna do
estabelecimento. Tentei identificar alguém no chão, porém só minha mãe era
familiar.
- Precisamos nos esconder. –
Matheus me puxou pelo cotovelo. Virei em direção ao banheiro e disparei para
lá, sem deixar rastro de barulho. Foi quando ele puxou um rádio do bolso.
- Você ficou maluco? Vão
ouvir o barulho, animal! O primeiro “bip” e estamos ferrados. – sussurrei,
olhando em seus olhos, minhas mãos na deles, pegando o rádio. – Desliga.
- Sabia que eu podia prender
você por desacato pelo que acabou de me falar?
- Faça isso depois de salvar
minha mãe, ok? – Eu me sentia furiosa e deveria estar aparentando mesmo, pois
ele fechou a cara e mudou de expressão ao dizer:
- Desculpa. Você tem razão.
Que estúpido, no que eu estava pensando?
- Em se comunicar. Aqui, ó –
retirei meu celular do bolso. – Usa meu celular. Ligue para um dos policiais lá
de fora. – Parei por um segundo, considerando que, talvez, os policiais em
questão não fossem atender o celular por estarem em horário de serviço.
Reformulei minha frase: - Não, já sei. Meu pai deve estar enlouquecido lá fora.
Deixa eu ligar para ele, ai ele passa para alguém… algum policial.
Matheus só concordou
enquanto me devolvia o meu celular. Apertei o nome do meu pai nos “favoritos” e
ele atendeu ao segundo toque.
- Stella? Filha, você tá
bem?
- Pai, péssimo jeito de
atender. Se eu tivesse sido pega e mentido, você tinha assinado minha sentença
de morte, suponho.
- Filha… Você acha que eu
conseguiria evitar?! Você tem ideia do que fez? Puta que pariu…
- Calma, pai. Tô bem. Tô
escondida com o policial ao lado da Vivara. A mamãe tá lá dentro com mais umas
dez pessoas que acho que são funcionários e clientes da loja. Pai, presta
atenção. – Ele tentava falar, mas precisávamos ser rápidos. – Liguei para você
para que se acalmasse um pouco. Eu ainda tô bem. Vou te… - Meu pai suspirou do
outro lado da linha, dizendo:
- Eu não consigo me acalmar
com as duas mulheres da minha vida correndo risco de vida. Te amo, meu amor.
- Também te amo, pai, mas
você precisa acreditar que daremos um jeito. Promete?
- Não consigo entender como.
- Pai, escuta. Passa seu
telefone para algum policial, tá bom? O policial que está aqui comigo precisa
falar com eles.
- Vou fazer isso. Só fique
segura.
- Vou tentar. – Entreguei o
celular para Matheus.
- Senhor? – Meu pai deve ter
respondido algo. Eu disse baixinho “Henry”, mas ele não entendeu. – Por favor,
encontre o comandante Azevedo e passe o telefone. – Mais uma pausa, uma
resposta do meu pai. – Sim, senhor, cuidarei para que ela volte intacta para
casa, você tem minha palavra.
Não queria ouvir a conversa.
Nem com meu pai, meu com esse comandante. Eu só conseguia pensar na minha mãe
deitada no chão. Em pouco tempo ela começaria a causar problemas, eu tinha
certeza. Ela estava ajoelhada no chão, por Cristo, e tinha dores nas costas!
Por que esse é um dos meus primeiros pensamentos? Ah, já sei! Talvez seja
porque ELA FICOU TRAVADA HÁ POUCO MAIS DE DOIS ANOS E FOI PARAR NO HOSPITAL E
PRECISOU FAZER UMA CIRURGIA! Se isso acontecer, se ela tiver dores, enquanto
ela estiver sob cuidado de ladrões, temo o pior.
“Eles podem colocar uma bala
na cabeça dela”, pensei. E esse pensamento não ajudou em nada a me acalmar, só
fiquei mais desesperada. Eu só conseguia imaginar minha mãe esparramada no chão
com uma bala atravessada em sua cabeça. Eu precisava agir.
- Continue aqui – falei para
o Matheus, que tagarelava com o superior dele.
- O que? – Ele me segurou.
- Garanta o resgate de todos
e a apreensão desses filhos da puta, mas não posso ficar aqui pensando na minha
mãe. Você pode. NÃO SAIA DAQUI! – soou como uma ordem ríspida e eu saí
correndo.
Espalmei minha mão na
vitrine da loja e gritei “MOM!” em pânico, com a intenção de chamar a atenção
dos bandidos para que eles me deixassem entrar. Minha mãe levantou a cabeça ao
ouvir minha voz e me viu. O que eu vi me deixou ainda mais desesperada e
enfurecida, além de mais lágrimas escorrerem por minhas bochechas: haviam
batido na minha mãe!
- Mãe! Mãe! – Fechei a mão
para esmurrar o vidro, que nem se abalou. Ótimo! – Mãe! – Fui para a porta da
loja. – Me deixem entrar e ficar com ela! Mãe! Mãe! Mãe!
Eu chorava que nem uma
louca. E não era nada teatral, eu não conseguia controlar. Minhas emoções
estavam por todo lado. Eu só queria segurar nas mãos da minha mãe e ter certeza
de que ela ainda estava bem.
- Quero saber quem foi o
cretino que bateu na minha mãe! COVARDE! – gritei o mais alto que pude, mais do
que achava que conseguia, e ecoou por todos os cantos do shopping. Vi algumas
pessoas olhando da vitrine de outras lojas com cara de pavor. – Filho da puta,
por que? Ela reclamou de algo? Lutou? Abram isso!
Um bandido mascarado abriu a
porta metálica que eu esmurrava e me deu um tapa na cara, me puxando pelo
cabelo e me jogando para dentro da loja. Bati minhas costas em um pilar e outro
bandido me pegou pelo braço, me apertando.
- Essa é sua mãe? – Ele me
puxou para baixo, me jogando ao lado dela.
- Mãe! – recebi outro tapa
na cara. Do segundo bandido que me pegou. Ele agachara na minha frente.
- Filha! Para! – Minha mãe
tentava afastar o cretino que me bateu. – O que faz aqui?
- Eu… não podia te deixar
sozinha.
- Calem a boca! Antes que eu
cale por vocês! – Um terceiro bandido, mirando sua arma para mim, disse.
Segurei a mão da minha mãe e
disse baixinho: - Não tá doendo as costas?
- Por incrível que pareça,
arranjei uma posição que não.
- Mandei calarem a boca. –
Tapei a minha com a mão e ele não fez nada.
Nada aconteceu por alguns
longos minutos, então ouvimos uma comoção do lado de fora. Policiais se
colocaram na porta da Vivara, conseguimos ver. Prestei mais atenção e vi
Matheus. Ele colocara seu uniforme novamente, claramente abalado por não estar
mais no controle da situação. Se bem que ele nunca esteve, ouso dizer. Ou
talvez tenha recebido uma bronca muito grande por não ter me mantido com ele.
É, essa era a mais provável, ainda que ele, verdadeiramente, não tivesse tido a
oportunidade de me impedir.
- Vamos! – ouvi alguém dizer
junto com mais alguma ordem esquisita, possivelmente técnica, ou seja, não
entendi, óbvio.
- Soltem os reféns!
Liberte-os e ninguém sairá ferido!
- Tarde demais – sussurrei,
olhando para a minha mãe e seus hematomas.
- Não sairemos daqui
algemados! – disse o bandido que se aproximou da porta. – Só soltaremos essas
pessoas quando estivermos do lado de fora do shopping!
Uma discussão se deu início
a partir de então, com a indignação geral dos policiais com as exigências e
argumentos caóticos dos bandidos envolvidos, portanto estávamos todos tensos. O
que ainda poderia acontecer? Quais eram as nossas chances e quanto tempo
levariam para chegar a um acordo? Nada parecia muito promissor de todo o
argumento.
Coloquei as mãos espalmadas
no chão e deitei com a cabeça de lado nelas, olhando para a vitrine. Uma figura
conhecida se materializou ali, a expressão de arrependimento e preocupação
estampados em seu olhar. Matheus.
Com um gesto, perguntou se
eu estava bem. Fechei os olhos e encostei meu queixo no pescoço, demonstrando
que sim. Era verdade; eu ainda estava ok, mesmo depois dos tapas. Abri os olhos
e vi que isso não alterou sua expressão. “Vou te tirar daí, juro” foi a frase
que li em seus lábios em seguida. Dei um sorriso e senti uma mão me puxar pelo
colarinho da blusa com tanta força que achei que o tecido rasgaria. Fui colocada
de pé muito rápida; fiquei desorientada e tonta por alguns segundos antes de
focalizar no rosto horrorizado e preocupado do policial.
- Seu namoradinho é o
policial, é? – Era o bandido número dois. Ele falava no meu ouvido e o encarei.
Seus olhos me diziam que ele achava graça, mas, quando meu estômago revirou, eu
soube que ele não tinha nenhuma intenção boa com essa informação.
Não consegui, também, responde-lo.
Ele apertou meu braço e me fez andar até a porta. Um capanga destrancou a porta
e nós passamos para o lado de fora, a arma dele na minha cintura, eu a sua
frente como um escudo. Eu tinha na minha cabeça somente uma frase: “ele não é
meu namorado!” e era nisso que eu conseguia pensar, não que eu achasse que ele
acreditaria no que eu dissesse depois da reação do Matheus quando passei pela
porta.
- Não! – Ele exclamou, os
olhos arregalados.
Matheus não conseguia manter
a postura policial, eu pude perceber, e isso era esquisito e muito ruim. Qual
era o problema dele?
O bandido dois apertou a
arma na minha cintura, me empurrando e demandando:
- Caso queiram essas pessoas
vivas, nos deixem passar. Vamos – ele gesticulou para os comparsas – peguem o
seu. Eles não vão arriscar a vida desses paspalhos. Peguem a outra também. –
Oh, não! Mãe!
Como eu queria não estar
certa! Minha mãe foi a primeira a sair com outro bandido da loja. Outros quatro
saíram acompanhados e todos eram clientes. Isso não era bom; todos estávamos
com uma arma apontada para alguma parte de nosso corpo, ficando na frente dos
bandidos como escudo.
- Estamos indo! Até aqui
tudo ótimo! – Os bandidos estavam há dois metros do esquadrão policial antes
destes começarem a andar. – Isso, podem até nos seguir, mas um disparo e vocês
matam também seis inocentes. – O marginal riu.
Subimos para o andar
superior aonde a saída de pedestres ficava, e só paramos quando chegamos à
porta, esta cercada de policiais que não faziam ideia da discussão que
acontecera minutos antes.
- NÃO ATIREM! – ouvimos um “bip”.
Era um policial falando pelo rádio. – Eles estão com reféns na mira!
Vimos os policiais do lado
de fora confusos e se encarando e suas armas foram abaixando uma a uma. O
bandido com uma mulher ao meu lado andou para fora e disse:
- Iremos até a esquina com
eles. – Apontou para a refém. – Nenhum de vocês vai nos seguir, então, quando
acharmos que é hora, vamos libertá-los. Se virmos vocês ou se algum refém
lutar, mataremos todos. Entenderam?
O comandante da operação se
colocou em evidência para o bandido, fazendo uma contraproposta tão ridícula que
o bandido riu na cara dele. É claro que eles não se renderiam e a petulância do
comandante causou irritação entre os ladrões e um deles se pôs a responder para
que todos entendessem: ele levou a vítima que estava sob sua mira para fora e
atirou nele. Bem na coxa. Soltei um grito e levei minhas mãos aos lábios,
lágrimas se formando nos olhos.
- Vou deixar algo claro: a
próxima é no meio da testa se não nos deixarem passar agora! – Ele gritou.
O cara que levou o tiro
segurava a coxa, apertando o local e fazendo caretas de dor. Passamos por ele
enquanto o cretino que atirara demandava que os policiais saíssem do caminho.
Seguimos para a esquina, onde
um carro estacionado era destravado e os bandidos entravam nele. Cada um de nós
era liberado das mãos dos bandidos e, ainda sob a mira deles, fomos instruídos para
virar de costas enquanto eles partiam. Vimos o bandido que tinha atirado no
cara chegar até aonde estávamos em poucos segundos, a chave de uma moto na mão.
Havia uma ao meu lado. O cretino olhou para mim e disse:
- Você vem comigo!
- O que? Não! – Eu disse
quando me agarrou.
- Com você na garupa… Seu
namoradinho policial não vai deixar ninguém atirar!
- ELE NÃO É MEU NAMORADO! –
Consegui dizer finalmente, porém ele apontava a arma para mim e, depois dele
mudar a mira da arma para a minha mãe, eu não tive muita escolha, subi na moto.
- Não é? Eu vi como ele te
olhou lá dentro. Se não é, quer ser. Vamos! – E, encarando minha mãe,
completou: - Vou cuidar muito bem da sua filhinha. Rá rá rá! – Tive que me
agarrar à cintura dele quando a moto partiu para na cair. Ouvi minha mãe gritar
meu nome.