sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Rapto Natascha POV

Fazia apenas nove dias que nos conhecíamos, todavia nos tornamos muito próximos.
Nos conhecemos na festa de Drew, um amigo em comum nosso. Conhecemo-nos desde que nascemos, já que nossas mães conviviam ainda grávidas.
Drew e Fábio são amigos por conta de uma viagem, e ele ficara deslocado na festa, vindo falar comigo, uma das poucas garotas lá, e a única sozinha naquele momento.
Intimidada, por pouco tempo, começamos a conversar sobre algo que entendo bastante e tenho gosto imutável: música. Falamos sobre muitas coisas, entre elas trilhas sonoras, soundtracks, debatendo sobre alguns filmes que nós dois gostávamos. Poucos, mas suficientes.
Drew me ligara para nos encontrarmos. Íamos ao cinema – a turma toda, uma dezesseis pessoas – Assistir a mais nova estréia do ano e eu aceitei no ato. Não via a hora do filme sair e iria ao cinema de qualquer jeito. E por que não com meus amigos?
Me atrasei demais, mesmo assim consegui chegar na hora e minha sorte foi que quando foram comprar as entradas para todos, lembraram de mim.
- Finalmente! Vamos! – Drew me arrastou, literalmente, para dentro da sala do cinema, onde todos estavam.
Tive que sentar ao lado de Fábio, no canto. Fora o único lugar que sobrara, e eu prefiro. Ficar mais longe das conversas me faz prestar mais atenção no filme, coisa complicada no meio da muvuca.
As luzes se apagaram e o filme não começou. Estávamos no escuro e continuamos por um bom tempo até que descobriu-se o que acontecia.
Ouvia-se gritos de dentro de outras salas. A porta de saída da sala que estávamos escancarou, de repente, com alguém mandando todos saírem.
Senti uma mão em meu braço e ao olhar para o lado, vi homem armado com um revólver em minha direção.
- Levante – ordenou.
Tentei discordar, porém o medo dele atirar me fez levantar. Senti uma mão em meu pulso esquerdo e vi Fábio – mesmo com pouca luz – assustado e apreensivo.
- Desçam logo! – o assaltante estava ficando irritado. Num tom mais baixo disse: - Você, rapaz, também vem comigo.
A sala havia esvaziado. Estava,os só eu, Fábio e o assaltante, que em pouco tempo fazia-nos descer as escadas em direção a porta.
Andamos pelo longo corredor, deparando-nos com mais quatro assaltantes e seus reféns. Mesmo sem ser da polícia, dava para perceber uma coisa: fora planejado, com algum por quê pó trás disso. Era como se soubessem quem iria estar em certo lugar, tendo somente jovens – adolescentes entre 15 e 20 anos, não mais do que isso – entre os reféns. E mais: percebi que todos deviam ser ricos, ou melhor, estar bem de vida, como eu, pois suas roupas os denunciavam. Lacoste, Luigi Bertolli, Centauro, Hering e Spezatto eram marcas entre nós.
Nos levaram para uma van.
No caminho até ela, os assaltantes se “fantasiaram” de amigos – tirando a máscara e as luvas, além de esconderem o revólver – para passarem pelos seguranças sem levantarem suspeitas, como se fossemos uma turma. Avisaram-mos que se tentássemos qualquer gracinha, matariam.
Havia mais um homem dentro dessa van.
Eles nos ajeitaram nos acentos e se espremeram no chão. Havia um em meus pés, no meio das minhas pernas, e pouco estranhei, já que me costumara por conta da rotina em que alguns amigos meus faziam isso. Os outros dois, que teriam que se sentar no chão, fizeram o mesmo, com outras garotas.
Fomos levados para uma casa não muito longe, com três cômodos e um banheiro, provavelmente a casa de algum deles. Ficamos todos no maior quarto da casa, sozinhos, enquanto eles foram a outro quarto.
- O que está acontecendo exatamente?
- Não tenho certeza, mas suspeito que fomos raptados. – respondi, tentando achar algum jeito de falar isso num tom calmo para não assustar.
- Raptados?
- Claro, ou tem alguém com outra explicação lógica para isso?
- Calado Fábio. Eu falo. Vamos ver se isso faz sentido: somos bem de vida e eles planejavam nos raptar. Conseguiram, e aqui estamos.
Fui cristalina o suficiente para eles entenderem.
- Mas eles são meio… burros – uma garota falou. E tinha total razão – Estamos com nossos celulares e – ela sussurrava – bolsas. As meninas devem tirar os celulares da bolsa e coloquem nos bolsos, para se eles perceberem as bolsas, ficaremos com os telefones.
- E podemos ligar para os nossos pais!
- Ou a polícia! – um garoto exclamou baixo.
- Melhor para os pais. Eles vão ficar preocupados conosco. Já pensaram se eles fizerem contato com nossas famílias?! Melhor ligarmos para eles comunicarem a polícia e ficarem calmos. Ou um pouco menos nervosos.
E assim fizemos. Victorio, Jéssica e Igor ligaram primeiro, enquanto nós fazíamos um pouco de barulho, conversando. Não muito alto, só o suficiente para acharem que batíamos um papo.
Após eles, Fábio, Marina e eu ligamos.
Meus pais ficaram nervosos quando falei o que estava acontecendo, entretanto pedi para eles ficarem calmos, cooperarem e comunicarem à polícia que fomos raptados. Avisei também para, se os assaltantes ligarem, agirem com muito nervosismo, pois eles não sabiam que estávamos ligando e comunicando com eles. Falei que Fábio estava comigo. E desliguei.
Evangelina, Caio, Matias e Stella ligaram e rapidamente, em menos de vinte minutos, havíamos falado com nossas famílias.
Mas após pouco tempo, eles entraram no quarto, ameaçando. Pegaram tudo de nós, entretanto eu havia escondido meu celular no meu sapato e afirmei não ter nada comigo, pois meu celular havia quebrado. (Pelo menos me lembrei de colocar o celular no vibra, já que ele começou a tocar antes deles nos deixarem a sós)
Todos começaram a conversar para eu poder falar com meus pais, que avisaram já ter comunicado a polícia, que estava a cominho. Avisei que pegaram todas as nossas coisas, mas consegui colocar o celular num esconderijo perfeito para eles nãio encontrarem. Minha mãe disse também que eles fizeram contato e que, pelo menos para ela, exigiram vinte mil reais para me libertarem sem me machucar. Ela agiu com uma perfeita atriz, fingindo acreditar e falando para não tocar em mim que ela iria arranjar o dinheiro. Precisei falar para ela que precisava desligar, e só assim ela parou de falar.
Contei para todos o que aconteceu e Stella percebeu algo junto comigo, mas ela fora mais rápida:
- Por isso vieram pegar nossos celulares! Porque nossos pais ligariam para nós! Até que eles conseguiram pensar direito.
- Será que não é melhor ligarem para seus pais? Só para falar que ainda está tudo bem… - fui interrompida.
- Mas vai acabar com seu crédito! – Jéssica exclamou, aos sussurros.
- é só ligar a cobrar, my love – Igor sussurrou para ela, mas eu estava perto o suficiente para ouvir.
- Liguem rápido. Dez segundos, só para falar que por enquanto tá tudo bem e que a polícia tá chegando.
Todos, brevemente, falaram com suas famílias.
Não deu muito tempo, não mais que um quarto de hora para a polícia chegar.
- Estamos salvos! – Marina estava olhando para fora, pela minúscula janela que entrava o pouco de ar que havia dentro do quarto.
- Eles estão invadindo a casa! – disse – Escutem o barulho vindo da porta!

Demorou um bom tempo para prendê-los; dois deles fugiram e um trancou-se conosco no quarto quando os outros três foram presos. Ele pegou Stella como refém enquanto fugíamos, para negociar com os policiais.
Não conseguiu muita coisa, já que demos nosso jeito de soltá-la antes que algo ruim acontecesse.


Cada “casal” voltou em um carro da polícia, ou seja, voltei com Fábio. Eu estava um tanto quanto assustada, apesar de não ter se sucedido nada de muito anormal, que eu não tenha visto na televisão.
Abracei Fábio e ele percebeu que eu estava um pouco abalada.
- Para de tremer! Você foi super corajosa! Por que está assim?
- É que agora me bateu aquele medo do que podia ter acontecido e não consigo me fazer para de pensar nisso – cochichei.
Ele me puxou para mais perto de si – algo um pouco difícil, já que eu já tinha o abraçado –, passando a mão por meus cabelos, até meu ombro. Sua mão hesitara duas vezes de descer por mim – pude perceber – mas o fez, me puxando para cima. Sua outra mão segurava meu queixo, me fazendo olhá-lo, quisesse eu ou não. Beijou minha bochecha e minha testa, pedindo para eu respirar fundo e lembrar que estávamos a salvo e que nada aconteceu, para não me preocupar. Sorri e deitei em seu ombro, ainda tensa.
- Vai Natascha, respira fundo e relaxa! – ele fazia carinho em mim. Sua voz era doce e ele estava falando em meus ouvidos, sussurrando.
Não sei se foi intencional, entretanto ele, procurando por meu cabelo, encontrou meus lábios. Levantei um pouco a cabeça, envolvida por seus braços, com sua boca a milímetros da minha.
Mordeu meus lábios inferiores, colocando suas mãos em minha cintura. Beijou-me. A princípio não correspondi, mas não resisti ao seu carinho, e meu desejo de tê-lo após isso aumentou.
Desde que eu o conheci, ele sempre foi muito fofo e meigo, porém nunca tinha olhado-o com outros olhos.
Meu coração disparara ao seu menor toque, quando sua mão veio ao meu pescoço, me segurando forte contra si, então meu coração parecia pular de minha boca.
Ele me distanciou de si, sorrindo. Não queria cessar, todavia havia ficado relaxada o suficiente, como, pelo visto, ele queria.
Me abraçou e ficamos assim até chegarmos em casa. Assim que entramos em casa, meus pais nos separaram e percebi os pais deles em casa, além de meus amigos que estavam conosco no cinema. Todos perguntaram se estávamos bem, se não tínhamos sofrido nada. Era meio óbvio que não, entretanto respondi, já que queriam uma resposta.
Wanessa, minha BFF, e Drew me puxaram para um canto e perguntaram se eu e Fábio estávamos juntos.
- Estamos – Fábio apareceu atrás de mim, respondendo. Ele tinha me abraçado por trás, beijando minha nuca.
“Obrigada, querido” era o que eu devia ter respondido, mas não tive tempo; TODOS ouviram o “babado master” de que finalmente estava namorando.
Meus pais disseram que queriam comemorar por eu ter voltado e por estar namorando. Corei de vergonha, porém os pais de Fábio também tinham concordado e feito-o corar.


Todos foram para suas casas trocar de roupa. Demorei um bom tempo para me arrumar, como a maioria das mulheres demoram.
Chegamos no restaurante cedo demais, por isso ficamos conversando. Fiquei sendo paparicada pelo Fábio o tempo inteiro, além de minha BFF ficar me olhando e fazendo gracinha vááááááááááárias vezes.

- DanDanika

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