terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mudança de Vida part IV

Eu estava um pouco nervosa na segunda. Mesmo sabendo que não havia mudado por fora, tinha consciência das mudanças decorrentes do fim de semana.
Queria poder falar o que ocorrera no findi para minhas BFF’s, porém as duas resolveram chegar mais tarde aquele dia. Tive que esperar o intervalo.
Melanie Bicknard é minha amiga desde que tenho 11 anos. Quando passei para a manhã, ela foi a primeira com quem me simpatizei. De todos os meus amigos, com certeza ela é a mais próxima.
Já Penélope Juzca eu conheci quando entrei na escola. Ela é uma pessoa que pode-se confiar sem problema algum seus segredos mais cabeludos, ela é um túmulo e vai guarda-o a sete chaves, num cofre nas profundezas de uma abismo – exagerei, eu sei, sou assim.
“Bom dia, Peny”
“Bom dia, Des. Como está? Teve um findi mais feliz do que o meu?”
“Por quê? O que houve?”
“Fui para Sorocaba visitar meus avós. Não tinha nada pra se fazer… Foi muuuuuito chato”
“Vou contar tudo que aconteceu no meu findi no intervalo. Pra você e para Melanie”
Nos sentamos em nossos lugares e eu fiquei brisando nas duas primeiras aulas mais do que de costume. Precisava falar com as duas.
“Pronto, agora você não pode mais enrolar”, Peny estava agarrada à Melanie. “Conte-nos o que é tão importante”
“É sobre o trabalho do meu pai. Você, Peny, principalmente, é quem vai gostar mais”. Parei um pouco e respirei fundo, sem as encarar. “Meu pai foi promovido e vocês sabem que ele trabalha em uma gravadora… produtora. Vocês são as únicas que sabem do trabalho do meu pai, o resto acha que ele trabalha como advogado. Acho que inclusive a escola acha”, refleti.
“E? O que mais? E por que eu vou amar tanto?”
“O único cargo que meu pai poderia ser promovido… seria o de presidente”
“Explique-se”, Melanie me olhava com uma interrogação gigante estampada na face.
“Presidente geral, tipo, o chefe de tudo, o manda-chuva. O dono de todas as empresas do mundo, sacam?”, olhei em seus olhos. Elas já estavam entendendo, pelo menos aparentavam que sim. “A matriz de todas elas é nos EUA”
“Wait a second. Seu pai vai conhecer, tipo assim, todos os músicos do mundo?”, os olhos de Penélope brilhavam.
“Sim. E acho que se eu pedir com jeitinho, posso faze-nos conhecer nossos músicos favoritos”
Se Peny e Mel pudessem, tinham pulado de felicidade. Elas perguntaram quando poderia ser isso. Não tinha a resposta, mas tentaria convencer meu pai de alguma maneira. Nem isso as abalou, elas estavam irradiando felicidade.
Na sala de aula, minha outra amiga, Luci Sohri, pulou até meu lado, perguntando onde fui parar no intervalo.
“Fiquei conversando com a Peny e a Mel”, respondi curta e grossa.
Ela não tinha o direito de me dar bronca, nem nada e acho que ela notou. Luci estava no shopping no dia anterior. Não sei se ela tinha me visto, nem que fosse de relance, todavia eu podia ver um arrependimento tentando se esconder na sua cara.
Nos sentamos. O dia passou rápido e nem o senti. Luci aparentava estar chateada, mas não me importei. Ela não pensou, aposto, que eu também poderia estar chateada por algum motivo.
Na hora da saída, Peny e Mel desceram comigo e Peny ficou esperando até minha mãe chegar para me buscar. Como ela demorou, resolvi contar outra coisa que estava entalada na minha garganta para ela.
“Tem outra coisa que aconteceu no meu findi que não queria falar para Mel, mas preciso desabafar com você. Isso me deixou extremamente chateada e meus pais não sabem e quero que continue assim. Não contei nem pra minha irmã.”
“Nossa! Que foi?”
“Ontem fomos almoçar no shopping com os amigos do meu pai estadunidenses e me deparei com uma coisinha muito desagradável ao meu ponto de vista.”
“E… Tenho medo do que seja”, ela ficou com aquela cara de preocupada que sempre faz quando temos um problema para contar.
“Encontrei a turma da Luci. Ela inclusive. O problema existente nisso é o como o caso ocorreu.”, respirei. “Você sabe que a maioria virou amigo depois que entrei pro grupinho, principalmente o Alex. Pois bem, não é que eles marcaram de sair e tem tiveram a pachorra de me chamar? Fiquei muito chateada, mas, óbvio, não fui tirar satisfação, nem mesmo hoje com a Luci, sobre esse suporto ‘acidente’. Você deve ter visto como tratei ela. Fria e secamente”
“Notei”
Minha mãe chegou nesse exato momento.
Saco.
Me despedi da Peny e entrei no carro. Tente parecer contente, e acho que funcionou, porque minha mãe não quis nem saber sobre o que falávamos.
Ótimo.
Cheguei em casa estranhando as coisa. Sr. Anthony e sr. Charlie ainda estavam em casa, e até onde sabia, o voo deles era às nove da matina.
“Hey, what’s going on?”
“Nothing. Our plane Just changed the time. We’re goinmg at three p.m.”
“Oh, great.”
“Yes, they ate going ton eat here”
“I could see, mom… Wait! You were… speaking in English”
“Destiny, foi só uma frase. Sabe que não sei fluentemente.”
“Tá, mãe. Let’s go eat?”
“Yes”, responderam todos juntos.
Conversamos um pouco enquanto comíamos, e mamãe aparentava não estar gostando muito disso. Ela falava pouco e eu notava que estava entendendo tanto quanto falava.
Acabamos de almoçar uma hora antes do voo dos senhores Calton e Junkan partir. Tinham que ir embora.
Fui para meu quarto e fiquei por lá a tarde inteira. Estudei, tomei banho e depois de estudar um pouquinho mais, dancei e cantei.
Estudei física e matemática.
x²-8x+16=0
S= +8 P= 16
x’= 4 e x’’= 4
Eu estava ficando louca com isso acima quando resolvi entrar no banho e parar de estudar antes que eu pifasse. Só dei uma olhadinha melhor em duas fórmulas de física após o banho e esqueci-me do material.

Os dias passaram normalmente, fora o fato de meu pai não estar em casa. Eu teria, contudo, que me acostumar com isso.
Na sexta-feira a noite, meu pai ligou avisando minha mãe que poderíamos sair às compras, porque a conta corrente estava com dinheiro para essa finalidade. Ele havia pago, também, o que devíamos em Renner, C&A e outras lojas em parcelamento.
Minha irmã e eu dormimos agitadas. Tinha certeza que minha mãe também; ela só não deixou transparecer.
Acordamos animadas, como nunca. Tomamos café da manhã, nos arrumamos e fomos para o shopping.
“Qual shopping vocês querem ir primeiro? Jardim Sul, Morumbi, Market Place, Cidade Jardim, Ibirapuera…”
“Jardim Sul. Mãe, são dez da manhã e fora o Jardim Sul, todos os shoppings são grandes demais.”
“Concordo com a Gina. Vamos às compras no JDS e almoçamos por lá, depois vamos ao Cidade Jardim. Então amanhã vamos no Market Place e no Morumbi. Outro dia a gente vai em outros shopping, porque o que se mais tem nessa cidade é isso.”
“Tudo bem.”
Saímos da garagem. Chegamos em cinco minutos no shopping, quando meu celular tocou.
“Sim?”
“Desty! É a Nara. Que bom que você está acordada! Você pode sair conosco hoje?”
“A que horas?”, perguntei mais por educação, só por perguntar, porque eu não iria.
“O horário do filme é às cinco e vinte. Mas vamos para lá uma três.”
“Quem vai?”
“Eu, Alex, Luci, Peter, Thalassa e Gladis”
“Eu… Eu não posso”
“Mas por que?”
“Vou sair com minha mãe e irmã. Vamos às compras”
“Que shopping você vai? Porque vamos estar no Morumbi ou Market Place.”
“No Jardim Sul.”
“Ah tá. A gente se vê outro dia então…”, a voz dela murchou.
“Até”
Desliguei o telefone tentando esconder o riso interno que estava querendo me contaminar. Não fiquei triste; fazer compras era um hobby que eu nunca tive como teria aquele dia. Meus “amigos” podiam esperar.
Passamos em várias lojas, sem deixar de ir na Renner e na C&A – esta última só para comprar um colar que tinha achado muito fofo. Fomos na Miss Gatti, TNG, Arezzo, Luigi Bertoli, Leu (que acabamos não comprando nada).
Quando saímos da Leu, fomos para o carro deixar nossas compras para podermos almoçar. Eu estava esfomeada e fui direto para o restaurante que eu queria: Viena.
Para me grande espanto, quem eu encontrei lá? Peter e Alex servindo-se no maior papo. Que? Eles tinham um problema entre si, sei lá por que, só tinham. Minha maior sorte foi a deles estarem de costas. Dei meia volta e pedi para minha mãe encarecidamente irmos comer no Giorno. Dei a desculpa de que nunca comíamos lá e ela topou. (Obrigada deuses por minha mãe não ter visto meus amigos)
Sentamos numa mesa dentro, onde eles não me veriam nem se procurassem bem – nem a mim ou à minha família. Mesmo não os querendo encontrar, nem mesmo os ver, resolvi procurá-los só para ter uma ideia de onde estavam e encontrei o que queria. Eles estavam na mesa bem ao meio da praça de alimentação. Se fossemos para a esquerda, nenhum deles nos veria. Se fossemos para a direita, seria apostar na sorte; e eu não tinha muita certeza de que ela estava ao meu lado.

- DanDanika

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